Banco Central eleva taxa Selic para 15%, maior nível desde 2006
Copom elevou a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, mas já afirmou que não deve fazer novos aumentos no próximo mês

Após uma reunião amplamente aguardada, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu elevar a Selic, a taxa básica de juros do país, em 0,25 ponto percentual. Com isso, a taxa sobe dos 14,75% para 15%, no maior patamar desde 2006. Por outro lado, o colegiado que reúne a diretoria do BC já antecipou, em seu comunicado, que deve interromper as altas a partir da próxima reunião, para poder observar como os efeitos que os fortes aumentos dos juros acumulados até aqui agem sobre a economia. A decisão, anunciada no início da noite desta quarta-feira, 18, foi unânime entre o presidente, Gabriel Galípolo, e os oito diretores que formam o Copom ao lado dele.
Este foi o sétimo aumento consecutivo na taxa básica de juros, que saiu dos 10,5% em que estava em setembro do ano passado para os atuais 15%, num dos mais rápidos e intensos ciclos de alta da Selic em duas décadas. Diferentemente de todas as reuniões anteriores, entretanto, quando ou o Copom já havia deixado anunciado o que ia fazer, ou o consenso a respeito das várias altas que foram realizados de lá para cá era amplo, as expectativas para a decisão desta semana estavam longe da concordância. Uma pesquisa divulgada pelo BTG Pactual pela manhã mostrou que, de 76 analistas e economistas do mercado financeiro entrevistados no início da semana, 51% contavam com uma manutenção e 49% com uma nova alta.
Por trás da cisão, está um cenário que também ficou mais complexo nos últimos meses, com a escalada da guerra tarifária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, desde sua posse, em janeiro. A queda do dólar, acentuada por isso, e também os prognósticos de crescimento mais fraco para a economia global, estão entre os fatores que contribuem para a análise de que os juros brasileiros, um dos mais altos do mundo, já estavam em patamar suficientemente recessivo para ajudar a reduzir a inflação. Do outro lado, há a própria inflação, que continua acima da meta e sem perspectiva de voltar para ela tão cedo, além da desequilibrada situação fiscal do país e de indicadores econômicos que, em parte, continuam apontando para uma atividade ainda aquecida. O IPCA, indicador oficial de preços do país, encerrou maio aos 5,3% no acumulado em 12 meses, para uma meta que é de 3%.
Fim do ciclo
“O cenário segue sendo marcado por expectativas desancoradas, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho”, diz o comunicado do Copom. “Para assegurar a convergência da inflação à meta em ambiente de expectativas desancoradas, exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado.”
Mencionando também as incertezas deixadas pelo cenário interno e pelos primeiros sinais de “certa moderação no crescimento” na economia doméstica, o comitê antecipou que deve manter a taxa inalterada no próximo encontro. “Em se confirmando o cenário esperado, o Comitê antecipa uma interrupção no ciclo de alta de juros para examinar os impactos acumulados do ajuste já realizado, ainda por serem observados, e então avaliar se o nível corrente da taxa de juros, considerando a sua manutenção por período bastante prolongado, é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta”, diz o comunicado.